Fed mantém juros nos EUA entre 4,25% e 4,50% em meio a pressões políticas e incertezas econômicas

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu manter pela terceira vez consecutiva a taxa de juros do país entre 4,25% e 4,50% ao ano. A medida, anunciada nesta quarta-feira (7), reforça a cautela da instituição diante de um cenário econômico global instável e do impacto das políticas comerciais do ex-presidente Donald Trump.

A decisão unânime do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) seguiu as expectativas do mercado. O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a pressão política não influencia a condução da política monetária e negou qualquer tentativa de reunião com Trump, que tem criticado publicamente o banco central por não reduzir os juros.

Política de Trump aumenta incerteza econômica

As recentes tensões comerciais impulsionadas por Trump, especialmente na guerra tarifária com a China, têm sido apontadas como fonte de instabilidade. Tarifas impostas a produtos chineses, que chegam a 145%, foram respondidas por Pequim com medidas equivalentes. Essas ações têm encarecido produtos nos EUA, contribuindo para o aumento da inflação.

Powell destacou que ainda há muita incerteza sobre onde a política tarifária irá se estabilizar. Apesar disso, disse que a economia americana permanece sólida, com o mercado de trabalho estável e crescimento contínuo, embora abaixo do esperado.

Inflação e crescimento abaixo da meta

Segundo o Fomc, a inflação segue elevada, com o índice de preços ao consumidor (CPI) acumulando alta de 2,4% em 12 meses, acima da meta de 2%. Ao mesmo tempo, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA registrou queda de 0,3% no primeiro trimestre — o primeiro recuo em três anos — contrariando previsões otimistas do mercado.

Esse desempenho foi atribuído à antecipação de importações por empresas que buscavam evitar as tarifas anunciadas pelo governo Trump, o que afetou o volume de compras e aumentou o pessimismo entre consumidores e empresários.

Impacto global e reflexos no Brasil

A manutenção dos juros em níveis elevados nos EUA fortalece o dólar e atrai investidores estrangeiros para os títulos públicos americanos (Treasuries), considerados os ativos mais seguros do mundo. Isso reduz o fluxo de investimentos para países emergentes, como o Brasil, pressionando o real e aumentando os custos de importação.

Com o dólar valorizado, o risco inflacionário se intensifica no Brasil, o que pode levar o Banco Central a manter a Selic, taxa básica de juros, em patamar elevado por mais tempo, comprometendo a retomada econômica.

Expectativas para 2025

Apesar da manutenção das taxas neste momento, o mercado ainda aguarda possíveis cortes nos juros a partir do segundo semestre de 2025, dependendo da evolução do cenário inflacionário e da atividade econômica global. O Fed sinalizou que continuará acompanhando de perto os indicadores e está preparado para ajustar sua política monetária caso surjam novos riscos.

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